15.6.05

Encantamentos II

Sempre fui, desde pequeno, um apaixonado pelo Fado. Todo ele, em todas as suas aparições e manifestações. Tinha-lhe um enorme respeito e uma veneração extremada. O silêncio, para o ouvir, não era apenas uma frase. Era quase um dogma. Até que...
... um belo dia, há pouco mais de uma década, nomes novos começaram a trazer genes novos ao "meu" Fado. Não estranhei. Entranhei de imediato - e foi com esta nova gente que perdi o 'respeito' ao Fado. Em boa hora: todo o respeito que perdi foi substituído por paixão, uma paixão crescente, avassaladora; um verdadeiro estado de espírito que me aproximou, ainda mais (julgava eu impossível), do género.
Descobri Mafalda Arnauth com o seu primeiro trabalho discográfico, em 1999. Não mais a "larguei" e sempre a elevei, à distância e em privado, a um daqueles pedestais que só os fãs sabem e podem construir.
Seis anos depois, com as voltas que o mundo sempre dá, vejo-me a trabalhar com ela, ajudando na construção de toda uma nova etapa de carreira. A paixão é, agora, temperada com a necessária distância que a objectividade profissional impõe. Estranhamente (ou não), a admiração cresce.
Pelos tais motivos profissionais, já tive o privilégio de ouvir alguns dos temas novos que farão parte do alinhamento do seu quarto álbum de originais. Congratulo-me em poder dizer que a minha faceta de fã comprometido da Mafalda e o meu lado 'distante' de assessor isento de Mafalda Arnauth estão de acordo no essencial: 2005 tem tudo para ser o ano da sua consagração.