PÃO PARA A ALMA
O pão é definitivamente mais que um bem gastronómico, ainda que quase essencial, nas nossas vidas. Neste caso particular, posso dizer que a simbologia a que faço referência no título deste post se encaixa, na perfeição, ao que vos venho hoje contar!
Há já algum tempo que vinha sendo convidada para participar nas tertúlias do Museu do Pão em Seia. Lamentavelmente, por compromissos que foram sempre surgindo, nunca conseguia a disponibilidade pretendida.
FINALMENTE, tudo ajudou a que no passado dia 27 de Maio eu pudesse finalmente estar presente, neste tão especial momento.
Confesso que apesar da minha apetência e simpatia por eventos deste género, que me permitem exprimir de forma mais inteira e completa, estava longe de imaginar a perfeita satisfação que me inundou, de regresso a casa, por tudo o que vivi, nesses dias.
O Museu é de uma dignidade e organização plenos de louvor! Reina uma atmosfera de perfeita sintonia e realização entre todas as pessoas que diariamente a ele se dedicam, um respeito humano e profissional que dá frutos óbvios, e principalmente, uma sensação de harmonia, que justifica em pleno a adesão das multidões que tive oportunidade de apreciar no Domingo, dia seguinte ao da tertúlia.
Para quem está a tentar imaginar o que realmente se passa nestas tertúlias, posso situa-las num espaço bem acolhedor de um bar, tão simples quanto elegante, amplo e com uma disposição que se verifica excelente para o verdadeiro propósito da tertúlia: conversar!
E foi desta conversa (que depois dos primeiros cinco minutos se tornou, em absoluto, informal) que nasceu um dos meus momentos mais bem passados dos últimos tempos! Graças ao Dr. Sérgio Luís de Carvalho, responsável pela área cultural do Museu, os presentes puderam conhecer-me através de uma breve biografia por ele apresentada e “deixaram-se” levar pela sua gentil condução, entre perguntas, comentários, curiosidades e convites à participação de todos.
Quem me vai conhecendo, sabe que o meu “prato predilecto” é precisamente comunicar! Chegar aos outros, partilhar o que me vai na alma, o porquê do que faço, das minhas composições, dos meus anseios, das minhas convicções. E tudo isso foi possível, principalmente graças às mais diversas intervenções de todos os presentes e ao clima especial que se criou de interesse, de abertura, de descoberta.
Acima de tudo, tocaram-me as várias e bem diversas manifestações por parte de quem assistia que me fizeram perceber derradeiramente como é positivo podermos chegar perto tanto de quem nos admira; de quem nos conhece apenas e tem algum interesse; de quem nem sabe quem somos e sobretudo de quem até nem gostava de nós! Naquele lugar tive o tempo, o espaço, o mote, o ambiente para poder ser quem sou e revelar-me em pleno, aproximando-me, de forma inequívoca, de quem está tão perto.
Foi uma noite de conversa, esclarecimentos, emoções, desmistificações, de um cariz humano muito forte. É agradável ouvir-se que pareço mais nova ao vivo, que o vestido azul claro que escolhi revelou que existem mais cores na minha natureza, que sou muito mais natural do que tantas vezes as pessoas imaginam…
Quase no final, referi que me apercebo realmente que a importância da mediatização alcançada com a televisão, as rádios, a imprensa em geral nem sempre consegue ser totalmente fiel ao artista - e que por vezes, nem o próprio consegue dar-se a conhecer verdadeiramente, quer pelas limitações dos meios, quer pela sua própria expressão.
Como em tudo na vida, quando não conseguimos estar cara a cara com as pessoas a quem queremos chegar, corremos o risco de perder alguma da essência e da complexidade que temos em nós. No que depender de mim, fica-me a imensa vontade de voltar a Seia e de usar este exemplo para desafiar outros lugares a fazerem o mesmo, se quiserem! Farei tudo para corresponder, porque acredito realmente que vale a pena…
A todas as pessoas que de alguma forma ajudam a tornar o Museu do Pão num espaço privilegiado de encontro e calor humano, o meu mais sincero Obrigada!
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