23.11.05

DIÁRIO - O CONCERTO DAS EMOÇÕES



Apesar dos dias que têm passado, parece-me que foi ainda ontem que vivi toda a emoção de estar no CCB. Por vezes, ainda sinto aquele gostinho de antecipação que me acompanhou, durante quase um mês. Um misto de nervosismo, ansiedade, vontade e a sensação de ir viver qualquer coisa inédita na minha vida e a partir da qual nada seria igual…

Antes de mais qualquer referência, a palavra que se impõe é de gratidão! Para com todas as pessoas que tiveram vontade de viver aquele momento, amigos, familiares, fãs, curiosos, conhecidos, colaboradores, imprensa e patrocinadores que ajudaram a criar um universo de uma diversidade e riqueza que muito me emociona.

Cada vez mais, desconheço o padrão do publico que me quer conhecer e/ou gosta de mim, pois encontro desde crianças a pessoas de muita idade, a famílias inteiras, a adolescentes com estilos aparentemente bem diferentes do fado; e percebo que no final, de alguma forma, todos comungam de uma emoção que nos é derradeiramente comum.

E é essa emoção que ainda agora me acompanha… Sem fazer esquecer os erros, as fragilidades: claro que existiram. Enquanto eu for humana, lamento dizer que a fórmula da perfeição insiste em mostrar-me que esta existe muito mais para que a possamos perseguir do que para julgarmos que a atingimos. Certo é que como em nenhum concerto antes deste, a fronteira entre o canto, a comoção, a comunicação, a entrega, foi muito, muito próxima. Tocaram-se por diversas vezes e no final, a sensação de partilha entre mim e todos os que estavam naquela sala colou-se-me à pele - e acredito que irá acompanhar-me por muito tempo…

Uma palavra especial para todas as equipas que me ajudaram a construir este concerto: músicos, produção, técnica, de imprensa, editora. Mais que a excelente capacidade que demonstraram neste processo todo, é o entendimento que fazem da minha forma de trabalhar, que os distingue no meu coração. Mais importante que o fim em si, é a dignidade, empenho, dedicação e o Amor com que se faz tudo o que realmente conta.

No final, dos muitos abraços que recebi, das opiniões tão diversas e sempre ricas, das lágrimas sentidas de muita gente, o facto de ninguém ter cruzado aquela noite impunemente deixou-me feliz. E realizada, com aquela sensação de que o caminho continua, longo, árduo, com muito a crescer e aprender, mas com mais um pedaço de vida que ganhei naquela noite e que já ninguém me pode tirar…

Bem hajam, por tudo o que me deram!

2 Comments:

At 10:37 da tarde, Blogger Pinguimcris said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 10:56 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Tive, também eu, a felicidade de estar presente no concerto de 4 de Novembro, no CCB.
Tenho, de algum modo, acompanhado o percurso da Mafalda, desde que me foi “apresentada“ através do seu primeiro álbum, de título genérico, precisamente, “Mafalda Arnauth”.
Os trabalhos que se seguiram permitiram-me, como a todos os que decidiram segui-la, descobrir e percorrer um caminho de qualidade, de vontade, de emoção e, sobretudo, de muita, muita partilha.
Com o “Encantamento”, penso que a Mafalda atingiu um patamar de maturidade artístico de tal modo irrefutável e “chocante” , no bom sentido, que, de alguma maneira, me confundiu...
Senti, nesse trabalho, um momento decisivo, particularmente importante na sua carreira.
O soltar definitivo de qualquer tipo de amarras a padrões musicais definidos, a convenções ou convencionalismos há tanto tempo estabelecidos e, até então, tão poucas vezes questionados.
Conheci a Mafalda após um concerto de rua, num palco sobranceiro à baía do Seixal. E guardo desse momento a memória de algo que ela me disse.
Quando, ao dizer-lhe, naturalmente, "obrigado por me ter recebido e ouvido", ela respondeu simplesmente: “mas porquê?...é apenas por vocês que eu aqui estou!”
Confirmei nesse momento que ali estava uma artista enorme e uma pessoa de dimensão não menor.
Agora na apresentação pública do seu “Diário”, tivemos um momento irrepetível de qualidade, de proximidade e de partilha de emoções que nos tocou e que, embora já o prevíssemos, tocou também, de modo profundo, a própria Mafalda.
Mafalda, como penso que já tive oportunidade de lhe dizer: Parabéns por ser quem é...Obrigado por ser como é!!
Disse-me no final que se sente em cada espectáculo como quem “está a trabalhar no trapézio, sem rede”, isto pelos desafios constantes que continua a lançar aos outros e a si própria.
Mas permita-me, a terminar, um gracejo, ao mesmo tempo, sério...
Continue com a mesma força, o mesmo profissionalismo, a mesma qualidade, o mesmo sentido de liberdade, de pé de vento contido, a mesma emoção e proximidade aos outros, que coloca em tudo aquilo que faz.
Assim nunca cairá do trapézio...
E mesmo que isso acontecesse, são tantos os que continuarão a querer “segurá-la”, amigos, familiares, fãs, curiosos, conhecidos, colaboradores, imprensa e patrocinadores (desculpe o plágio do seu último escrito...!), que nunca se iria magoar!!!
Relevem-me o facto de me ter alongado.
Mas há coisas e, sobretudo, pessoas, de quem, por muito que escrevamos ou digamos, nos sabe sempre a pouco.

 

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