AUXERRE COM ALMA MESTIÇA!
Já as saudades de uma viagem começavam a apertar, eis que surge, em resposta aos nossos apelos, uma oportunidade de ouro para o fazer!
O concerto em Auxerre foi inserido, de forma especial, em dois eventos particulares: a temporada vocacionada para o Jazz e o Festival das Noites Mestiças de Auxerre.
A minha participação foi, no fundo, o preludio destes dois acontecimentos. Isso permitiu não só um realce particular à minha presença, como à particularidade da minha musica, fazendo com que o convite surja não tanto pelo facto de cantar fado, mas principalmente por ser uma cantora que compõe; que cria (a partir duma raiz clara e com uma tradição cultural definida) e que sofre todas as influências de outras áreas, exprimindo-se com uma personalidade e sonoridades cada vez mais vincadas.
De alguma forma, foi tudo isso que procurei deixar bem explícito, na conferência de imprensa para a qual fui convidada. Orgulhosamente portuguesa, incontornavelmente ”talhada” no fado, a minha alma não resiste também a revelar a sua “mestiçagem”, aberta que está ao mundo e às comunicações que podem ser próximas dos sons que me atravessam.
Foi com essas “conversas” - que passam pelos sons e atravessam a alma e as referências - que “dialoguei”, mais uma vez e de forma tão especial, com o público que não entende mas sente.
É definitivamente gratificante perceber que um público absolutamente “virgem”, no que diz respeito ao meu repertório, consegue deixar-se cativar tanto pelos sons familiares de um “La Bohème” como pela estreia de uma “Audácia” ou do tradicional triplicado, “Por onde me levar o vento”. Revela que o bolo todo faz sentido, muito além dos sucessos de versões conhecidas ou de emblemas que facilmente nos aproximam do público, mas que nem sempre revelam a verdadeira essência de um artista.
No dia seguinte, viemos directa e velozmente para um concerto em Albufeira, com mais uma retribuição calorosa de um lugar, de uma gente e de uma cultura para partilhar com todos e a todos enriquecer…
O mundo continua a ser fonte de inspiração e a fazer valer todos os quilómetros de estrada e de cansaço! Ainda bem, acreditem…
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