27.7.05

AS IGREJAS DO MEU CONTENTAMENTO



Quase poderia dizer que tivemos a bênção dos locais onde decorreram as minhas actuação, nesta passagem por Itália, tal foi o bom resultado que tivemos em ambos.
Devo referir, claro, que ambas as actuações decorreram em Igrejas cuja beleza é, em Itália, sobejamente conhecida de todos, mas nunca demais para o salientarmos.
O primeiro concerto em Capolona, sob o nome de “Pieve a Sietina”, teve lugar num local distante de tudo, no meio do campo; e surpreendeu pelo numeroso público que acorreu ao espaço. Inicialmente pensado para acontecer num pequeno jardim de uma casa particular, acabou por decorrer dentro de uma pequena capela anexa à propriedade – uma vez que o tempo decidiu pregar-nos uma partida. Mas fê-lo em boa altura, já que assim todo o concerto foi impregnado de uma atmosfera intimista, semi-acústico e pleno de emoção. Muito do público ficou de pé, à porta da capela… mas nem por isso desmobilizando. O silêncio e o respeito pautaram todo o evento; e a proximidade com o público não podia ser maior.
Num italiano muito precário, fui conseguido explicar o mínimo que permitisse aos presentes criarem, com o que ouviam, o seu próprio imaginário. A julgar pela devolução, foi muito o que entenderam, ou melhor, sentiram. Houve ainda tempo para recordarmos “Canzone Per Te”, ao qual fiz uma pequena adaptação para português e que teve um coro magnífico, muito graças à eterna memória de Amália Rodrigues.
O segundo concerto, em Palermo, na Chiesa Santa Maria dello Spassimo, integrado no festival Kals’Art, foi em tudo semelhante; apenas num espaço maior e obviamente com bastante mais público. O calor foi o suficiente para ainda agora, enquanto escrevo, sentir as palmas do meu “contentamento”, emoção que só entende quem sente aquele frio na barriga antes de um concerto; a incógnita de uma multidão desconhecida e para quem o meu repertório é uma novidade total; a angústia de não sabermos se seremos ou não capazes de tocar tanta gente.
É por isso que o desgaste de cada concerto é sempre substituído por uma energia e vitalidades tão únicas que nos fazem querer contar ao mundo esta bênção de termos uma vida tão particular.
Pode ser uma “estranha forma de vida”. Mas eu não quereria outra...

1 Comments:

At 9:42 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Os santos agradecem!

 

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