RICA COSTA RICA!
Para quem viaja tanto, as emoções de lugares novos tendem a diluir-se com o tempo. Por isso, é sempre com encantada surpresa que percebo que ainda há muito para me surpreender e cativar…
Talvez porque pela primeira em muito tempo pude verdadeiramente desfrutar de um dias de tranquilidade num país onde fui cantar, esta viagem teve um sabor particularmente especial.
Os primeiros dias foram passados em família, com os bravos de sempre, entre passeios e visitas ao recinto do Festival, apinhado de juventude e com o aroma efervescente de música e arte no ar, que oferece a disposição ideal para qualquer músico. A temperatura amena - que oscilou entre um sol radioso e um nublado sempre agradável - torna esses pequeninos instantes profundamente saborosos. Imaginem, se conseguirem, almoçar num mercado, onde cada banquinha minúscula rebenta de tantos frutos maravilhosos, verduras abundantes, peixe fresco e carne de boas cores, a par de toda a espécie de artesanato, panos, malas em pele, sandálias, instrumentos, tudo! Uma espécie de Ribeira, onde cada corredor quase só permite a circulação de uma fila indiana e onde tudo ao nosso redor nos invade os sentidos, de forma esmagadora.
Quase de hora em hora, havia alguém com mais um saquinho de compras, cada um mais original que o outro. E nunca faltou a pergunta: ”quantos colones?” com a resposta natural: ”Barato! Mesmo barato!”
Mas o que verdadeiramente me seduziu neste país maravilhoso, destaca-se muito além de qualquer passeio, compra ou gastronomia… As pessoas, o sorriso, a simpatia, o calor latino ao rubro que a todos contagiou, fazendo do lado humano desta viagem o mote para o bem estar que vivemos e a inspiração para o concerto que, finalmente, realizamos.
A sala do Teatro Nacional da Costa Rica é bela, romântica, MAJESTOSA e mesmo assim impregnada de uma vida e calor que nos agitou, do princípio ao fim do concerto. O público não exigiu menos do que TUDO e nós soubemos responder, com toda a nossa energia, entrega e gratidão, por tudo o que nos foi dado nestes dias. A presença de algumas das maiores individualidades do país, em perfeita harmonia com todo o público, fizeram daquele momento uma comunhão perfeita de sentimentos e de proximidade entre todos, pois os sentimentos comuns continuam a ter a magia de congregar todo o tipo de pessoas, de diferentes estratos sociais, diferentes credos, diferentes cores politicas.
É muito gratificante sentir que a minha música pode ter essa “universalidade”, que só nasce da sensação profunda de que todos somos humanos, unidos na nossa “pequenez” de seres frágeis em constante movimento com os nossos sentimentos, duvidas, evoluções.
Desde o carinho da nossa Maria Fernanda, baby-sitter constante do nosso grupo, à nobreza do Alcaide da Costa Rica (Jhonny Araya Monge), à solicitude de qualquer simples feirante com que nos cruzamos, nunca deixámos de ser “apenas” pessoas que se encontraram pelo caminho, com o fim de se cumprir mais um momento GRANDE das nossas vidas: fazer musica, fazer arte, fazer comunhão…
1 Comments:
Olá!
É por tudo isto e muito mais que a meu ver a única língua universal para toda a humanidade é sem dúvida a MÚSICA!
Ela por incrível que pareça pode ser união da Humanidade e é tão pobre quando vemos tanta gente por aí que abusa desta arte tão nobre e tão social! Não é o caso da Mafalda, até porque se sente na voz da Mafalda (e deixemos-nos de falsos moralismos) exactamente essa universalidade que é tão bem expressa!
Força, Mafalda!
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