30.12.05

NÃO VOS ESQUEÇO...



Estou finalmente a gozar um valente período de férias que há muito fazia falta. Mas, mesmo bem longe, do outro lado do oceano, não consigo deixar de vos enviar um grande abraço, pois a sensação de o merecer vem-me de tudo o que vocês me foram dando, ao longo deste ano. Fizeram-me sentir que todos os passos e esforços foram recompensados com a vossa atenção e resposta e - principalmente - com o vosso carinho!

Quero-vos desejar um período de Festas carregado de muito amor e Esperança no ano que se avizinha. As prendas que troquei este Natal foram as mais fraternas de sempre, entre verdadeiros amigos, onde o consumismo passa para um plano bem secundário e cada abraço e beijo valem mais que qualquer outra coisa...

Também vou entrar o Ano Novo neste espírito! Além do calor que se faz sentir e do qual eu envio uma maré dele, para ajudar a suportar esse friozinho que deve andar por aí, o meu maior desejo é o de que esta casa cresça com a ajuda de todos vocês e com a minha profunda e inteira dedicação. Vocês mostraram-me que vale a pena fazer tudo com o maior gozo, com coragem, com força e sempre com alegria!

Desejo-vos o melhor Ano das vossas vidas! Desejo-vos Amor, Paz, Saude e a maior Felicidade. Acreditem, é com sinceridade que vos desejo sempre e só... O MELHOR DO MUNDO!!!

29.12.05

QUE GRAÇA TEM O SOLAR...



Fui apenas uma vez na vida aos Açores. Com esta, foi a segunda visita e não resistimos, felizmente, a uma curta “passeagem” pela ilha, magnífica, verdejante, a respirar as quatro estações do ano (literalmente) … E assim parecíamos nós!
O concerto decorreu num restaurante muito bonito, Solar da Graça, para uma festa de Natal privada do Centro Cultural e Desportivo dos trabalhadores de aviação Comercial dos Açores.
Antes do concerto, deu-nos uma “fúria” musical e estivemos entretidos com muitas coisas bem antigas, principalmente tradicionais. Quem sabe, em breve, temos o Diário-volume II…
Claro que depois deste aquecimento, o concerto começou a levantar voo, o que é perfeitamente adequado para o publico em questão… Tivemos, curiosamente, uma mesa de jovens que nos deu um certo trabalho a serenar, mas que assim que foram convocados a cantar sozinhos, responderam de forma simpática e perceberam o que é ter muitos olhos postos neles! O concerto acabou em franco convívio com os açorianos a revelarem toda a sua hospitalidade e carinho e apetência fadista.
A seguir abriram o baile, fenómeno cada vez menos visto - e tive direito a uma valsa com o Presidente, para abrir as “hostilidades” em beleza.
Depois, deram-nos uma salinha para a ceia e a festa foi total!!! Os meus mosqueteiros são bravos bailarinos e estiveram à minha altura nos tangos, nas valsas e até nos ritmos mais modernos… e principalmente nas gargalhadas, que têm sido uma constante com esta nova pandilha!
Fechou o ciclo de concertos para este ano e fica, no ar, o saldo positivo de muita coisa boa trocada. Muita mudança, recompensada com excelentes novas amizades, muita viagem com recordações para sempre, um disco que recheia os concertos de muita emoção e garra…
Sabem que mais? Quando olhei para a Lagoa gigante das Furnas, senti-me parecida, imensa, mais rica, rodeada de coisas belas que agradeço com todas as minhas forças… e para sempre!


27.12.05

O Cofre



Mafalda Arnauth esteve esta semana na edição "músicos" do programa O Cofre, da RTP, com apresentação de Jorge Gabriel. Na companhia de Melo D, Milton, Toy, António Manuel Ribeiro, Carlos Vidal, Jorge Palma e Nuno da Câmara Pereira, a única menina do concurso não deixou os créditos de cultura geral em mãos alheias. Um momento bem simpático, gravado imediatamente antes da sua partida para férias.


26.12.05

FNACS EM ROMARIA



Depois de um ano alucinado, nada melhor do que fechar em beleza, com uma romaria pelas principais lojas Fnac do país.
Curiosamente, quase todas envolveram o regresso de uma viagem e os nervos inerentes de não perder o avião, não perder ninguém pelo caminho (incluindo instrumentos, particularmente o baixo, que decidiu ficar a descansar no aeroporto de Milão e só compareceu para a FNAC do Cascais Shopping…) e, acima de tudo, não perder energia e força para um momento que - pela íntima proximidade com o publico – releva, totalmente, qualquer pequena falha…
Marcou-me particularmente em TODAS a presença de pessoas cuja fidelidade me enternece e valoriza. Fez-me perceber, pela dedicação das suas presenças, que é com verdadeiro carinho que vêm dar uma força e retribuir algo que pelos vistos eu lhes dou, na minha música. Não devo destacar nomes mas, no fundo dos seus corações, espero que sintam a gratidão com que lhes fico e a diferença que têm feito, principalmente este ano em que abrindo o meu diário, abri também veículos de comunicação nunca antes explorados (blogue e site), tendo o retorno de todos superado largamente as minhas expectativas.
Se fizesse um Best-Of das apresentações nas FNACs, além do que já referi, teria de salientar:
A entrega cada vez mais intensa dos músicos que me acompanham: Paulo Parreira (Guitarra Portuguesa), Luís Pontes (Guitarra Clássica) e Ricardo Cruz (Baixo acústico) – só mesmo de coração se cria um clima de partilha e inter-ajuda como aquele que estamos a viver;
A participação generosa do Ruben Alves (acordeão) e do Tomás Pimentel (flugel), que enriqueceram o momento e “salvaram” muita gente de ter de subir a palco, que eu, por brincadeira desafiei… talvez um dia me surpreenda e - de repente - um talento por descobrir se revele num showcase meu!
A presença sempre constante de crianças! Perdoem-me a parcialidade, mas é delicioso poder cantar para o futuro e vê-los curiosos, atentos e principalmente calmos… imaginam daqui a trinta anos alguém dizer que se lembra de me ter visto, mais novinha, mais fresquinha e que continuo com a mesma vontade e interesse para eles…
O apoio fiel de todas as pessoas que comigo têm construído esta nova fase: Maria João Castanheira e Nuno Oliveira (som), a UNIVERSAL (nova editora), a BMA (empresa de relações publicas e comunicação), família (se não me virem aqui é difícil…) e muitos e bons amigos de sempre

Obrigada pelos bocadinhos finais, pelas conversas, pelas fotos, pelos autógrafos, pelas prendinhas… Ajudam-me tanto que, mais do que nunca, vos peço que nunca deixem de mos dar. A música alimenta, mas os mimos tornam tudo mais saboroso!

25.12.05

É Natal



É suposto ser quando nós quisermos. Mas, em rigor, celebra-se a 25 de Dezembro. Por isso, aproveitamos a "data oficial" para desejar, a todos os que visitam e participam no Fadiário, o conteúdo de uma frase imortalizada pelo Coro de Santo Amaro de Oeiras: "Que seja um bom Natal, para todos nós"!

24.12.05

Uma surpresa para o Ano Novo



Mafalda Arnauth preparou uma nova surpresa para os seus fãs e visitantes do Fadiário: um ficheiro mp3 com um tema nunca antes editado em disco. Trata-se da revisitação de uma das criações de um dos maiores compositores nacionais: e mais não dizemos, para que a surpresa se mantenha.
Para poderem receber esta canção, basta que enviem, para o endereço de email do Fadiário, uma mensagem com o título "Surpreendam-me". :-)
A oferta expira a 31 de Dezembro próximo. No dia 2 de Janeiro de 2006, todos os pedidos registados até ao prazo-limite receberão o seu mp3 exclusivo de Mafalda Arnauth.

Nota: como habitualmente, convém que nos indiquem um email com boa capacidade de armazenamento, já que o ficheiro a enviar tem mais de 4 megas.

21.12.05

PARA ANTÓNIO

E a saudade, Mafalda?
Esta palavra mágica, sublime, de que não encontramos tradução fiel em qualquer dicionário universal, que significado tem para si?
Tristeza e melancolia, porque não está com alguém?
Alegria e conforto, porque apesar de tudo sabe que "eles estão sempre lá", como é uso dizer-se?

E, ainda, qual destas posições sobre a dependência/proximidade física, digamos assim, da Amizade, faz, para si, mais sentido?
"o valor máximo, e verdadeiramente importante, da Amizade é o momento do encontro com aqueles que nos são caros" - Francesco Alberoni
"interessam-me tanto os amigos que não me fazem bem, como os inimigos que não me fazem mal..." - Miguel Esteves Cardoso
"são as palavras e os gestos que alimentam a Amizade e, verdadeiramente, marcam o seu Sentido" - EU (se mais alguém, peço desculpa!) :-))

António Machado



Querido António
As suas palavras acabam por ajudar-me a responder, com facilidade, a ultima pergunta! As suas palavras e os seus gestos, sempre de carinho e conforto, já em diversos momentos, fazendo com que a sua frase seja realmente aquela com que mais me identifico e que mais sentido faz. A amizade alimenta-se verdadeiramente daquilo que damos aos outros, da realidade, da acção e da entrega - mesmo que não obedeça à proximidade física e ainda menos à dependência. Os meus grandes amigos encontram-se alguns bem longe e nunca sinto, no entanto, a falta criada pela sua ausência. Afinal de contas, cada palavra e gestos que (quando podemos) trocamos são recheados de amor e Amizade tão intensos que superam qualquer fragilidade física.
Com isto também consigo responder à minha “versão” da saudade que sempre gostei de traduzir como o dom “de ter coisas Maravilhosas” para recordar. As minhas saudades já foram angustiadas, infelizes, recheadas daqueles porquês de quem questiona as distâncias muito mais do que verdadeiramente está por trás do que une as pessoas. Quando percebi que o viver o momento presente é muito mais rico do que ficarmos presos ao passado, percebi a imensidão de “saudades” boas que iria passar a ter e a riqueza do meu amanhã. Cada abraço que dou, hoje em dia, a alguém que não vou ver tão depressa é muito mais forte, mais carregado de tudo o que não vou poder dizer ou viver tão depressa. E, no dia seguinte, tenho muito mais abraços para dar a quem me rodeia e acompanha sempre, porque de alguma forma o que passou ou foi para longe não deixa nunca de estar comigo e enriquece-me sempre.

20.12.05

UMA PRENDA DE NATAL!



Às vezes, há coisas que nos tocam tanto quanto as pessoas – porque são obras nascidas do coração. Fui surpreendida, há dias, por uma dessas coisas, em oferta natalícia.

Falo do livro “O Gato e a Rainha Só”, a primeira obra da jornalista Carla Maia de Almeida. É suposto ser um livro para crianças, mas eu diria que é uma história para a criança que há dentro de todos nós.

Com magníficas ilustrações de Júlio Vanzeler, o livro conta a belíssima história de um gato que perde a casa num incêndio, vendo-se forçado a partir à procura de uma nova. A viagem leva-o a estranhas paragens (que todos nós conhecemos, porque são etapas e escolhas de vida iguais às nossas) até chegar, finalmente, ao castelo da Rainha Só. É ali que ambos descobrem os pontos em comum, no meio das diferenças; e prosseguem, juntos, um caminho de vida.

É uma edição da Caminho, dizem-me que se encontra à venda em todas as boas livrarias – e é, acreditem, um pedaço de magia que fica quase obrigatória para guardar nas nossas estantes – e nas nossas vidas.

PARA ANA FILIPA

"Na tua opinião, qual dos cinco sentidos se associa mais ao Fado?"

Ana Filipa Soeiro


Querida Ana Filipa,
Eu gostaria de dizer que é o sexto sentido… Mas como a pergunta só inclui cinco, talvez aquele que eu salientaria mais seja mesmo o da audição, apesar de todos estarem envolvidos (o gosto do que comi interfere, o tacto dos vestidos que levo é muito importante, olhar o público pode ser esmagador e não é raro certos odores inspirarem-me, principalmente quando nos trazem memórias tão físicas quanto o aroma de um lugar ou de uma pessoa).
Mas, naquele momento, é derradeiramente o que oiço que sintoniza o meu canto com todos os outros sentidos. A música que o músicos fazem é essencial para me inspirar e deixar-me confiar no que estou a fazer, o som da minha própria voz, que tantas vezes depende de uma boa aparelhagem e de um técnico inspirado, os suspiros e as reacções do público…
Também é através da audição que sinto o meu sexto sentido - dos instintos, do espírito, da alma - traduzir-se melhor. Talvez os dois sejam indissociáveis e o fruto do meu canto seja especial precisamente por isso…

Oferta de Natal - 5 inscrições no Clube de Fãs



Por estarmos numa Época tão mágica como é o Natal, o clube de fãs Mafalda Arnauth tem o prazer de oferecer 5 inscrições, completamente grátis, aos nossos visitantes. Para participar, visite-nos em www.clubedefasmafaldarnauth.com

19.12.05

PARA TIAGO

“Como lhe chegam ao palco os sentimentos e emoções que percorrem o público por simplesmente ouvir a sua música? Que sente que sente quem ouve?”

Tiago Homem de Figueiredo


Querido Tiago,
Felizmente, o Fado imprime muitas vezes uma emoção no público que os leva a reagir das mais diversas formas. Talvez as palmas sejam a reacção mais óbvia, traduzindo claramente a sua reacção ao que se passa no palco, mas não é raro existirem outras…
Algumas pessoas emocionam-se e é frequente vermos alguém chorar e sorrir ao mesmo tempo, outros de olhos fechados, digerindo o que se passa de forma verdadeiramente profunda, outros com exclamações próximas dos nossos “bravos” e - muitas vezes - o silêncio que se cria na sala, de um respeito e concentração profundos, como se parassem de respirar. Estes momentos são únicos, de uma proximidade e intimidade muito especiais.
Mas é no final do concerto que realmente consigo atingir a força com que tudo aconteceu. Muitas vezes, as palmas duram o tempo suficiente para nos dizer que tocámos verdadeiramente o público. No final, muita gente espera o momento de estar pessoalmente comigo para expressar, das formas mais incríveis, o quanto lhes tocamos na alma. Talvez só neste momento eu tenha verdadeira consciência do que fiz…

18.12.05

PARA CRISTINA

A questão que gostaria de fazer é a seguinte:

Qual é a cor do fado aos olhos da Mafalda Arnauth?
Cristina Silva


Querida Cristina
A cor do Fado, para mim, não pode ser menos que as cores do arco-íris… conforme os dias, o público, a concentração (e tantas outras coisas), acabo por ver cada fado e cada momento a várias cores. Quase como a expressão ver “estrelinhas”, assim me acontece, várias vezes, associar os vermelhos, laranjas e cores fogo a certos fados de paixão, de raça; para logo a seguir imaginar certa tristeza e melancolia nuns azuis frios ou violetas melancolia. A luz branca ou âmbar, por exemplo, eleva-me sempre àquelas sensações mais profundas, quase místicas.
Da mesma forma, conforme os lugares, a luz do sol ou o sombrio dos dias nublados, sinto que escrevo à imagem dessas múltiplas cores que me rodeiam e que - associadas às minhas sensações - ganham uma dimensão mais emocional.
Fascina-me principalmente associar uma cor física a uma emoção, alargando o espectro das cores até ao infinito, como é exemplo o titulo de um dos meus temas do Diário, “Da cor da noite” ou um outro titulo, que acho fantástico, de um Livro de Afonso de Melo, “Uma sombra laranja tigre”.
Quando “abusamos” da criatividade, uma coisa nunca tem um só significado, antes multiplica-se e fica mais rico conforme o “casamento” que lhe fazemos. Seja num espectáculo ou na minha vida, o arco-íris nunca me abandona. Talvez por isso descubra tantos tesouros no que faço…

16.12.05

"O Futuro da Saudade" em Barcelona



O livro "O Futuro da Saudade - O Novo Fado e os Novos Fadistas", da autoria de Manuel Halpern, editado pelas Publicações Dom Quixote em Novembro de 2004, vai ser hoje apresentado em Espanha, mais precisamente em Barcelona. Trata-se de uma iniciativa do Consulado Geral Português daquela cidade que decorrerá no Auditório da "Societat General d' Autors i Editors". Na ocasião, o jornalista Manuel Halpern fará uma apresentação dinâmica do seu livro, ilustrada com a audição de discos e DVD de intérpretes da nova geração, entre os quais não poderia faltar Mafalda Arnauth. Os nossos votos de sucesso para esta iniciativa de divulgação do "novo fado".

15.12.05

Condolências

Foi com enorme choque e pesar que recebemos a notícia do falecimento do jornalista brasileiro Roberto M. Moura. Defensor incansável da música brasileira (particularmente o samba) e estudioso do Fado, Roberto morreu aos 58 anos, vítima de febre maculosa, provocada pela picada de um insecto - um injusto fim que tem vitimado, como vamos tendo conhecimento, muitas pessoas no Brasil.
Roberto M. Moura foi crítico musical do semanário "Pasquim", das revistas "Veja" e "Isto É" e colaborador da Globo. Escrevia a coluna "Cultura e Mídia" no jornal "Tribuna da Imprensa" e fazia comentários musicais na TVE-RJ. É autor de livros musicais diversos, sendo o mais recente "No Princípio Era a Roda".
À viúva, Tereza Cristina, estendemos as nossas condolências. Um exemplar de "Diário" (álbum que Roberto aguardava, enquanto entusiasta maior da voz de Mafalda Arnauth) será enviado agora a Tereza, para juntar-se ao enorme acervo discográfico do jornalista - acervo que será transformado, para o ano, num espaço para pesquisa musical académica e jornalística.

Perguntas... e respostas!



Será efectuada, a partir deste Domingo, a publicação das 4 perguntas premiadas no mais recente passatempo do Fadiário, juntamente com - ora pois - as respectivas respostas de Mafalda Arnauth.

13.12.05

SANGUE DO MEU SANGUE

Hoje escrevo-vos este post “em tempo real”, o que significa que os acontecimentos, ao contrário do geral dos outros textos, têm pouco mais de minutos no meu diário, na hora em que os estou a descrever. Publica-se agora, mas foi escrito no passado dia 4.




Estou em Genebra ou Geneve, acabada de regressar de um banho profundo de realidade e humanidade que poucos podem experimentar, e que por esse motivo me parece legitimo descrever aqui, salvaguardando o melhor possível a diferença entre o que me é profundamente pessoal e o que pode ser de alguma importância para vocês.

Vim a convite do programa Portugal no Coração, acompanhando uma equipa que começa a ganhar contornos familiares, tal é a assiduidade dos seus convites. Imaginam, obviamente, a sede profunda de Portugal que atravessa os muitos portugueses que hoje estiveram connosco. Toca os limites do irreal, a sua vontade de falar connosco, de nos fazer sentir especiais, de nos contarem os pormenores dos seus dias, das suas saudades, da sua luta diária num país que cada vez mais é o seu mas onde dificilmente deixam de ser estrangeiros. Porque amam Portugal, porque amam as suas recordações, os seus, as suas raízes.

E agora imaginem que no final de horas de emissão tenho alguns rostos que conheço desde sempre, desde pequenina, com quem partilhei Natais, férias, dores e histórias sem fim e que foram - vejo nos seus olhos – bem mais que espectadores. Foram, durante aquelas quatro horas, a minha família de sempre, vendo a sua prima ou sobrinha pequenina que recordam, apesar do aparato e do vestido grandioso e a quem chamam como dantes: ”Menina!”

Talvez seja esse motivo que me faz chegar sem hesitar e que me aproxima de todos os outros rostos desconhecidos. O de, como eles, entender a saudade que se guarda para sempre, da família que um dia não encontrou resposta no seu país. Muitos deles vieram quando ainda eram, para mim, os meus grandes heróis, mais que o Super-Homem ou qualquer outro cantor Pop da berra alguma vez foram.

Os meus primos, dos quais alguns são irmãos, são todos mais velhos que eu. Sempre que os encontro, percebo porque fui um dia escolhida pelo Fado, para o levar pelo mundo. Porque cresci rodeada de gente cujas vidas são fados perfeitos, de crueza, de realidade, de vida e emoção em bruto. Gente que ainda hoje tem a coragem de rir e chorar como ninguém que eu conheço.

Muitas vezes me perguntam como posso conhecer e cantar certas coisas, com a idade ainda jovem que tenho. E hoje apercebi-me de parte da resposta. Abençoou-me a vida com gente que vive, que se dá e que me ensina a ser real, a despir o vestido e a abandonar as luzes para me aconchegar no regaço de quem insiste em ver-me como eu sempre fui. De quem sabe pegar no fio da meada, para continuarmos a construir a história que juntos começamos, há muitos anos - e que perdura para além das distâncias.

Nem sempre o sangue fala tão alto em mim. Mas quando isso acontece, ele grita bem alto, para agradecer a genética que nos tocou a todos na nobreza, na generosidade e no carinho. Sempre que gostarem de mim, agradeçam-lhes o pedaço de mim que eles alimentaram, com o seu Amor incondicional e com o seu jeito único de aceitarem a vida como ela se tem, inevitavelmente, apresentado.

12.12.05

A "verdadeira" Milonga do Chiado










Aqui publicamos as fotos referentes ao showcase de Mafalda Arnauth na Fnac do Chiado, gentilmente cedidas por Pedro Corral, que nos escreve: "Fue realmente emocionante estar allí y ver por primera vez a Mafalda Arnauth después de mucho tiempo escuchando sus discos. Un abrazo."

BOA MARÉ...



Ainda a estrada que nos trouxe de Sevilha não arrefeceu, já nós estamos a caminho de Itália… Dizem-me que Salerno é de uma beleza inspiradora, mas as horas intermináveis de viagem, a chuva imensa e a velocidade a que esta pequenas paragens estão sujeitas, só me deixam realçar uma outra beleza, que me deixa o coração bem cheio.

Múrcia foi um belo concerto, Sevilha foi um excelente concerto e Salerno… foi O Concerto dos últimos tempos! O meu CCB é especial, por razões óbvias, mas existem noites maravilhosas e depois existem noites mágicas, onde tudo conspira para nos fazer flutuar com aquilo que fazemos. Quem pisa um palco sabe do que estou a falar. Quem não o faz, precisa que lho conte…

Sem se perceber bem, existem pequenos momentos num concerto que funcionam de gatilho e despoletam uma imensidão de coisas. Talvez em Salerno tenha sido a “Triste Sina” que sempre nos serve de referência nos concertos. Como se o fado imenso que transporta tomasse conta de nós; e nos desse a confiança da sua intemporalidade ou, simplesmente, da sua força. Nos temas a seguir, como se uma mola nos movesse, “atirámo-nos” ao público, à música, às emoções que pareciam transbordar.

O público italiano é profundamente caloroso e nada sabe melhor que ouvir, de vez em quando, “Brrrava”, como só eles sabem dizer. Se calhar foi a sedução de Itália que nos tocou; ou então tivemos a sorte daqueles dias inspirados que acontecem sem nós dominarmos. Recordei também, por graça “Canzone per te” numa versão muito simples, apenas para ter a oportunidade de dizer a todos, incluindo os meus bravos guerreiros, “Ma oggi devo dire che … ti voglio bene”.

E não há nada melhor no mundo que ouvirmos alguém dizer-nos que nos quer bem…

11.12.05

1001 Escolhas, este Domingo na RTP-N



O serão deste Domingo na RTP-N foi marcado por mais uma edição do programa "1001 Escolhas", desta feita dedicada a Mafalda Arnauth. Através do interessantíssimo formato, criado originalmente para rádio pela jornalista Madalena Balça, conhecemos melhor muitas das pessoas e "coisas" favoritas da vida da fadista, entre as quais se encontram Ioga, o livro "O Conde de Monte Cristo", Twyla Tharp, os filmes "A Vida é Bela" e "Música no Coração", Samuel Beckett, Eunice Muñoz, Júlio Pomar, favas, doce de ovos, Quinta da Bacalhoa, Astor Piazolla, U2, Braga, Rui Veloso, a Ilha da Culatra e "1001" outras referências...

9.12.05

Encontros



Aqui fica uma foto, gentilmente cedida pelo nosso leitor e participante António Machado, datada de 1 de Dezembro último, tirada aquando do showcase na FNAC do Colombo. Mais exemplos de partilha que temos todo o prazer em publicar.

ESTRANHA FORMA DE VIDA ESTA, EM SEVILHA



Mais uma cruzada nos esperava! Depois de uma breve incursão por Ceuti, perto de Múrcia, no dia 18 deste mês, com um inesperado público efusivo num pueblo pequeno mas sério na defesa da sua cultura musical, regressamos a Portugal para logo seguirmos para Sevilha, cidade que apaixona o meu colectivo musical…

A beleza de Sevilha vive da própria “armadilha” das suas ruas que inesperadamente nos levam a percorrer toda a cidade para descobrirmos o caminho certo para o hotel, para o teatro, para sair da cidade… Os caminhos são um emaranhado de ruas sem sentido que nos obriga a circular quarteirões sem fim, para regressarmos ao ponto de partida e – finalmente - com alguma sorte, a encontrarmos o caminho certo! Mas não deixa de ser maravilhoso andar perdido em Sevilha, pois enquanto alguém sofre para descobrir o roteiro certo, nós podemos desfrutar da arquitectura magnífica da cidade…

O concerto, que nos levou à zona da antiga Expo de Sevilha, na Fundação Tres Culturas, superou todas as expectativas! Segundo nos disseram, os bilhetes esgotaram quatro dias antes do concerto, aumentando a nossa responsabilidade e obrigando-nos a tirar todos os “coelhos da cartola” para não decepcionar o público que tanto nos quis ver e ouvir. E pelas palmas do final, parece que a missão foi cumprida!

Só mesmo em Sevilha podemos encontrar um publico que até nas palmas que oferece tem uma cadência musical, que acabaram por ser o mote para o segundo encore: TIRANA! O ultimo encore, “Estranha forma de vida”, deixou no ar aquela mágica inerente aos fados que se transcendem a si próprios, deixando de ser apenas música, palavras, notas, Amália, para ser algo com vida própria, que nos domina, une e se impõe muito além do que nossa razão conhece.

Podemos não “saber onde vamos”, mas “parar“ e não “acompanhar mais” esta vida, torna-se impossível…

8.12.05

Um fim de tarde com "Diário"



Mafalda Arnauth regressou hoje à Fnac, desta vez à loja do Chiado, para novo showcase. A pequena sala abarrotava de fãs e amigos que puderam escutar alguns dos temas mais conhecidos do novo álbum, com um reforço inesperado (e saboroso) do papel do acordeão. Após o espectáculo, houve tempo para Mafalda confraternizar com diversos fãs; até porque há muitas novas amizades que nascem do respeito mútuo.


6.12.05

Especial Mafalda Arnauth na SIC Notícias


É já esta quinta-feira, dia 8, que a SIC Notícias transmite o especial "Diário" de Mafalda Arnauth, gravado ao vivo na Sala da Música do Palácio da Lusitânia Seguros. O programa terá duas difusões: às 12h30 e 18h30.

5.12.05

UM GINÁSIO PELA MINHA VIDA



Tenho de confessar que não sou a melhor advogada desta causa, mas não posso só recomendar coisas saudáveis de vertente pró-preguicite-aguda e - para tantos - crónica…

Certo é que os benefícios do movimento são tantos, já por mim comprovados em fases de maior dedicação que me sinto, nesta fase, no pleno da coragem para criar um compromisso com as passadeiras, os steps, os abdominais (excluindo os pesos, pois não há determinação que me convença a abraçá-los…) e claro, algumas horas de Yoga, Pilates ou Tai-chi.

Acredito realmente que um artista, no meu caso, um cantor, também é um atleta. A violência física de tanta viagem e agitação precisa, realmente, de um reforço especializado, principalmente quando as caminhadas (que eu tanto gosto de fazer onde quer que esteja) não são compatíveis com o Inverno que já se instalou. Imaginem a tour da Holanda, com graus negativos e neve por todo o lado e eu enrolada em casacos e cachecóis, a rezar para que o frio não me faça estragos, pelo menos, nos próximos 57 concertos até ao verão…

Vivemos no tempo da vaidade, das dietas exacerbadas e dos ginásios tonificares dos músculos alvos de atenção pública. Nem vou fazer referências às cirurgias ou transformações hardcore que em geral, em nada me atraem. Mas porquê confundir saúde com vaidade? Principalmente porque, se estivermos mais fresquinhos e sãos, estaremos inevitavelmente mais bonitos e garbosos. Assim sendo, porque não unir o útil ao agradável, com um bocadinho de esforço recompensado largamente pela sensação de um “templo” vibrante e que coopera connosco, que é o nosso corpo?

Isto continua a ser alvo de uma grande procura da minha parte: não imaginem que já atingi, em pleno, este equilíbrio que defendo… Mas asseguro-vos que, enquanto fumadora reformada e preguiçosa de militância duvidosa, nenhuma inspiração de nicotina relaxante nem as inúmeras horas de ócio altamente viciante que experimentei se comparam ao êxtase de uma hora de oxigenação profunda e tão pura quanto os dias de hoje e os ares condicionados nos permitem. Porque as primeiras adormecem-me, enquanto que as últimas despertam-me e abrem-me os sentidos para a vida. E eu continuo a gostar de viver…

4.12.05

Mafalda Arnauth em edição especial de Natal do "Portugal no Coração"



O programa "Portugal no Coração", da RTP, transmite hoje, em directo, uma edição especial de Natal, a partir da Suíça. Das 16h00 em diante, a sala do Bâtiment des Forces Motrices, em Genebra, será o palco da transmissão, em directo para 140 países através da RTPi. Mafalda Arnauth será uma das convidadas, de entre os vários artistas e personalidades presentes no programa.

1.12.05

Resultados: passatempo "Diário - o disco"


Já estão escolhidos os premiados do passatempo "Diário - o disco". São eles:

- Ana Filipa Soeiro
- Tiago Homem de Figueiredo
- Cristina Silva

Os três receberão, na volta do correio, um CD-single autografado e dedicado, com três temas de "Diário" e uma entrevista exclusiva com a fadista.
Excepcionalmente, devido ao alcance da (multi)questão colocada, decidimos atribuir um outro prémio, especial, ao participante António Machado.
Brevemente, aqui no Fadiário, teremos as respostas de Mafalda Arnauth às questões colocadas pelos quatro premiados que receberão, para a semana, o seu disco.
Obrigado a todos pela vossa participação. Fiquem atentos aos próximos passatempos!

Showcases FNAC



Mafalda Arnauth continua a apresentar o seu novo álbum, através de uma série de showcases nas lojas Fnac, seguidos de sessão de autógrafos. Depois da actuação no CascaiShopping, a 27 de Novembro, restam as seguintes actuações:

Lisboa
1 de Dezembro, 17h00 - Fnac Colombo
8 de Dezembro, 18h30 - Fnac Chiado

Porto
10 de Dezembro, 17h00 - Fnac Santa Catarina
10 de Dezembro, 22h00 - Fnac Norte Shopping